Dona Santa olhava para a agulha e o chumaço de cabelo do defunto. Se
fossem cabelos de uma menina morta, estariam sendo vendidos na cidade, expostos
numa bandeja, para satisfazer a vaidade das moças ricas da sociedade. Uma
sociedade perversa e desigual, essa em que vivia. Uma sociedade hipócrita, calcada
sobre os alicerces de um cristianismo conivente, falso, injusto. O que diria e faria
Jesus Cristo se presenciasse tamanhos infortúnios? E ela pensava e pensava, e não
encontrava solução que remediasse a situação em que viviam as mulheres de seu
tempo.