Não é de hoje que as políticas de currículo e docência geram pesquisas em Educação, especialmente no espaço iberoamericano. Diretrizes curriculares globais e locais, quase sempre glocais, que circulam nesse espaço, são postas em prática, sempre hibridizadas e traduzidas, gerando a necessidade de se interpretar os discursos hegemônicos e seus efeitos diferenciais. Tal interpretação não é apenas constatação, resistência, crítica ou indignação. É também participação na produção de sentidos e significados, dessedimentação do que se julga sabido ou obrigatório, produção de fissuras e escapes, suplementação da mesmidade que se apresenta como inovação, ou reiteração que provoca diferimentos. Textos acadêmicos e pesquisas são também parte da produção política e da reafirmação do político, para usar os termos de Chantal Mouffe. Este livro se mostra assim uma contribuição para essa produção política, uma luta frequentemente fora dos registros midiáticos, mas que se faz cotidianamente nas instituições de pesquisa e fora dela. Ou em um dentro-fora que também abala as fronteiras usualmente constituídas entre Estado-sociedade civil, centro-periferia, macro-micro, instituído-instituinte, identidade-diferença. Atualmente, em que demandas neoliberais e ultraconservadoras muitas vezes se articulam para diagnosticar uma crise da Educação e ao mesmo tempo vender as soluções para tal crise, este livro e a profundidade teórica de suas discussões estimulam o debate e as ações em nome da justiça social e da democracia. Vale muito ser lido.