O segundo livro das Mitológicas, obra máxima de Lévi-Strauss e um marco na abordagem do pensamento indígena.
Segundo volume das Mitológicas, Do mel às cinzas dá sequência à série iniciada por Claude Lévi-Strauss com O cru e o cozido. Publicado originalmente em 1967, a obra acompanha o motivo do mel (e o do tabaco, as cinzas) entre a América do Sul e a América do Norte, ampliando o campo semântico em torno da culinária, núcleo temático do primeiro livro.
Aqui, o sentido da passagem da natureza para a cultura se inverte: o percurso é regressivo da cultura em direção à natureza, protagonizado pelo poder sedutor do mel. Elemento ambíguo — pois se oferece, na natureza, pronto para o consumo cultural —, o mel ganha centralidade no pensamento ameríndio ao carregar um duplo significado: um próprio (alimentar) e outro figurado (sexual), menos distante de nós do que se possa pensar, como sugere a expressão "lua- de- mel" em diversas línguas ocidentais. Por detrás dessas figuras de linguagem, Lévi-Strauss descortina princípios do pensamento humano.
Coordenação de tradução de Beatriz Perrone-Moisés.