Assim nos fizemos [fazemos]: na forja do ter e da posse e, tornados protéticos, percursamos uma rota contraditória – o que nos deu o ser, um mundo interior, uma alma, e mais que tudo, a sobrevivência, pode também nos dar o fim, um anoitecer precoce antes mesmo do poente.
No entanto, os pensamentos deste livro não pretendem carregar qualquer ameaça ou previsão mais acurada: eles pretendem apenas, com pinceladas toscas e amadoras, apresentar uma tela do nosso percurso – ou daquilo que nos tornamos. Os primeiros sóis ainda nascem, e é preciso coragem para fitá-los sem proteção nos olhos frágeis (ou enfraquecidos). Um grito, este livro, um longo grito entrelaçado por silêncios também longos, na estreita e escarpada trajetória humana.