Neste livro, Marcos Túlio Fernandes demonstra como o fantástico de Machado de Assis se fez adequado às condições editoriais que muitas vezes o reprimiam, sendo não apenas um bem cultural, mas também um desejo dos leitores e, portanto, objeto de consumo, elaborado em conformidade com as dinâmicas oitocentistas. Publicados em sua grande maioria em Jornais e Revistas femininos, o fantástico machadiano, "à la Hoffmann" ou pós a voga do conto hoffmanniano, é exemplo de que nenhum escritor está à frente de seu tempo, pois que suas práticas discursivas decorrem de sua relação com tempo de produção e com espaço de circulação da obra. O autor desse livro contribui significativamente com uma investigação que desmantela o sentido de que a obra deve ser lida apenas de forma imanente, pois já não é mais possível compreender o conto fantástico de Machado de Assis, produzido e publicado no século XIX, sem a compreensão dos aportes de transferências culturais transatlânticas, o papel das traduções para o desembarque dos bens culturais, a importância dos leitores e a influência que exerciam no contexto das publicações, e também o poder editorial dos suportes ((jornais, revistas, periódicos...) com suas diretrizes e formatos específicos.