A gastronomia vem ganhando espaço e sendo cada vez mais debatida no meio acadêmico, sendo sua conceituação muito diversificada e controversa. Nesta obra, partimos da ideia de que a cozinha é ligada ao fazer, ao modo de preparo e aos insumos, enquanto a gastronomia, tendo por base esses mesmos elementos, volta-se para um discurso mais complexo, envolvendo elementos como: críticas, chefs, restaurantes e patrimônios, dentre outros. Para melhor entender essa discussão, este livro tem como proposta fazer uma análise sobre a construção do conceito de gastronomia ao longo da história. Busca entender como ela chegou ao Brasil com a corte portuguesa na época do Império e foi ganhando novos significados ao longo da história republicana. Em meio a esse debate, em Minas Gerais, esse processo ganha um espaço especial e a gastronomia regional mineira desponta de forma única. O objetivo, então, é entender como os mineiros se apropriaram desse conceito e criaram a "gastronomia mineira" ampliando gradativamente esse debate com a implementação de ações por parte da sociedade civil e do Estado. Tomamos a teoria do Processo Civilizador, de Norbert Elias, para entender que a gastronomia fez parte de um processo civilizatório que se iniciou na França e se espalhou pelo mundo. Com base na Sociologia Figuracional, entendemos a gastronomia enquanto uma figuração que se constrói em um processo de longa duração, que modifica e é modificada por indivíduos e que ganha novas significações ao longo do tempo.