Compreender o processo pelo qual novas nações se formam é uma tarefa que exige pesquisa exaustiva, uma boa dose de argúcia e uma disposição persistente para não se contentar com as versões consagradas dos processos políticos, econômicos, sociais e culturais envolvidos nas independências. Nesta contribuição ao estudo do nacionalismo e da construção do Estado na África, Artemisa Candé Monteiro se debruça sobre a experiência da Guiné-Bissau, que declarou sua independência em 1973, após uma guerra de libertação iniciada 10 anos antes. Sua análise, entretanto, ultrapassa em muito esse quadro cronológico um tanto convencional. Por um lado, busca na longa duração do contato atlântico à colonização efetiva, as linhas de formação de grupos sociais e de construtos identitários na moldagem da complexa sociedade guineense dos anos de 1950 – que se mobilizaria de forma desigual – nem sempre com objetivos convergentes – em torno do nacionalismo africano.