A disciplina de horror – ou a meditação sobre a própria podridão –, ao ser um exercício de investigação da consciência sobre si mesma em um nível ontológico, é a reflexão sobre os pontos de vertigem da condição caída do homem – pressuposto de Cioran. Afasta-se, assim, qualquer noção de um idealista frustrado ou da dualidade otimista/pessimista que pauta este tipo de rasa discussão bíblica. Rompendo com a dialética da esperança – uma prematura resposta positiva ao pêndulo schopenhaueriano – e com o pietismo barato, o que resta ao pensador situacional rigoroso é o enfrentamento de um exercício interior: buscar as diversas faces que a nossa própria podridão produz, tal como a Mouchette de Bernanos e a Nastasya Filippovna de Dostoiévski delineiam.