Esse livro, resultado das investigações desenvolvidas pela autora no decorrer do doutoramento, associadas à extensa experiência profissional, trata das relações estabelecidas entre os moradores e o patrimônio urbano protegido, como apropriam, significam e expressam essas relações, por meio da leitura do cotidiano desses lugares.
Para realizar a pesquisa, foram eleitas duas cidades com o título de Patrimônio da Humanidade e tuteladas pelo Estado na qualidade de casos-referência: Ouro Preto|MG| Brasil e Guimarães|Minho| Portugal. Objetivando desvendar os diálogos e contradições inerentes ao processo de vivência nessas cidades, o trabalho foi estruturado em três linhas: a cidade como patrimônio, o patrimônio institucionalizado e o patrimônio à luz do direito à cidade. Além disso, ancorou-se nas premissas teóricas contemporâneas sobre a preservação, que entendem que o valor do patrimônio está nos significados atribuídos pelos sujeitos, enfatizando a função e o uso no presente.
Para a investigação direta com os moradores, foi traçada uma matriz analítica, possibilitando levantar os dados de forma qualitativa, segundo os valores enunciados: afetivos, documentais, de uso e éticos. A síntese dos dados permitiu a análise da relação dialética da cidade real, ou consentida, e da cidade patrimonializada, os reflexos da institucionalização do patrimônio na vivência dos moradores nesses espaços tutelados e a (des)vinculação do patrimônio do feixe de direitos que compõem o direito à cidade.