Darci Ribeiro dizia que Deus é tão treteiro, faz as coisas tão recônditas e sofisticadas, que ainda precisamos dessa classe de gente – os cientistas – para desvelar as obviedades do óbvio.
Há mais de dez anos, o professor Lenio Streck mantém a coluna Senso Incomum na plataforma digital Consultor Jurídico. O propósito? Desvelar o senso comum. Destrinchar as vulgatas. Tirar o véu que cobre as obviedades.
O que é o senso comum? É aquilo que esconde. No direito, não deixa aparecer as "maldades jurídicas".
Esse é o propósito do Dicionário Senso Incomum – mapeando as perplexidades do Direito. Afinal, é possível fazer coisas com palavras, como dizia o linguista John Austin. Por isso, o verbete Fator Navah, em que o professor Lenio denuncia aqueles que querem dar existência a coisas que não existem.
Se fazemos coisas com palavras, temos que ter especial cuidado com elas. A linguagem é a casa em que se hospedam os sentidos. Ali eles habitam.
Palavras explicam e distorcem. Afirmam e negam. São como fámacos, dizia Platão. Curam e matam. O direito pode salvar e destruir. Mal-usado, transforma-se em instrumento de desigualdades.
O Dicionário Senso Incomum reúne palavras. Novas e velhas. E algumas repaginadas. Como em um palimpsesto, descascando fenômenos.