Qual seria a sua reação se tivesse que entregar o cilindro de oxigênio que respira para alguém, seu sócio, enquanto mergulha num poço profundo cheio de água? Como seria se você tivesse que entregar todo o seu dinheiro e seus bens por um punhado de cascalho dos barrancos dos rios para caçar o que não perdeu naquele ermo de mundo? Esses eram dilemas dos garimpeiros da Amazônia Legal diariamente, enquanto carregavam uma máscara pesando 13 quilos em puro chumbo no escafandro de mergulho e mais 30 quilos nas costas, como mochila, que chamavam de "matula", condição para ficarem sentados no fundo do rio e retirarem o cascalho. Como mandavam cascalho e não tinham visão ou possibilidade de ver o que estava no meio desse material, ficavam à mercê dos maus patrões e muitas vezes nunca mais subiam, porque o ar gasoso do pulmão virava nitrogênio e o nitrogênio se convertia em gás, matando por embolia pulmonar, sempre que cortavam o fornecimento de oxigênio ou mesmo que subissem a toda a velocidade para escapar da morte certa no fundo do rio.