Os textos que compõem esses Diálogos Inesperados... foram concebidos por acreditar que ser escritor no Brasil está se tornando algo muito mais complicado que nos tempos do Álvares de Azevedo, quando a expectativa de vida não passava dos 30 anos. Contos e crônicas que fazem parte de uma ousadia e de uma parceira que se aglomeram por todas as 26 histórias que compõem essas ficções letais, por uma lente de literatura de gênero meio ressentida com essa realidade que reduz a verve humana em legenda de um filme Classe B, e nada mais. Textos rigorosos como A Decadência das Máscaras ; afiados como Por Dentro da Perfeição ; feministas em Memórias Póstumas de um Matrimônio ; panfletários em A Pasta Quebrada ; eróticos em A Mulher do Melhor Amigo ; intimistas em Amar Sozinho é o Pior dos Pecados e de lógica interna muito bem elaborada, como é o caso de Interrupções . É drama, comédia, verdade e farsa. Chulo e erudito, dependendo da página, do parágrafo, da frase, da palavra que se leia. E, nessa aptidão em escrever o escárnio dos seres (humanos), temos nossos neurônios incompatíveis aos refrões monossilábicos do pagode pós-moderno, e foi decisiva e efetiva na busca pela inspiração que pairou sobre diversos olhares, e sobre esse admirável objeto de sedução que é o ato solitário de escrever.