Aline não fala nem ouve infelizmente! Como pode então dialogar? Mas isso não quer dizer que seja muda ou surda! É que Aline vive dentro de mim, talvez desde que nasci! Ou, pelo menos, já vivia nos meus mais remotos anos de vida! Respira o ar que eu respiro, come o que eu como, ri com meu sorriso… Ou chora! Quem sabe, mais do que eu propriamente! Aline é meu ego dois, eu incrustado em mim mesmo! Eu falo e ouço por Aline! Mais que por mim próprio! Aline é a criança reprimida em mim, é a criança que sempre desejei para brincar comigo nos campos floridos que não perfumam nem extasiam, porque já não existem! Eu a chamo Aline, mas também poderia chamá-la Ana Clara ou Maria! Não faria mesmo diferença alguma! Já esteve aprisionada no meu íntimo por muitos anos, mas a pressenti no seu calabouço dourado, conhecia sua existência desde os primórdios! Encontrei-a e a libertei num abraço eterno, agora, quase no final da minha vida, um abraço que não mais se desfará, mesmo com minha morte!