Este livro tem uma história: a da minha paixão pela escrita e pelo ensino. Não me lembro de quando escrevi a primeira palavra e qual foi ela. Só sei que não foi na escola. Foi lá em casa, à beirinha do rio Muzambo da minha Jureia mineira. Eu ficava olhando o rio horas e horas, sozinho, do alto do barranco, debaixo de uma goiabeira, e eu tinha um canivete que o meu padrinho um dia me dera. Foi com ele, ah! Me lembro, sim, foi com ele que, no tronco da goiabeira, escrevi a primeira palavra da minha vida. E foi o nome da minha mãe. Foi sim, foi Janira, como todo mundo falava o nome bonito dela, Dijanira. Eu nem imaginava que minha vida seria com a escrita, que escrever me garantiria o viver, que sem a palavra que escrevo não dou rumo à vida que ganhei de presente de Deus e à vida de tantos que conviveram comigo como alunos e com tantos que ainda haverão de conviver, sei lá até quando. Enquanto eu tiver vida, meu caminho será atravessado pela escrita, margeado pelo ato de desenhar meus pensamentos nas linhas de um pano, de um tronco, de um papel, de um coração, de uma alma – a sua, quem sabe.
Este é um livro de crônicas linguístico-literárias de um professor apaixonado pelo ensino. Não são crônicas à moda de um Rubem Braga nem de um Otto Lara Resende, mas de um professor que não consegue sair da sala de aula. E tudo o que ele fala, conversa e escreve tem o tom de uma aula, fundamentada nas reflexões filosóficas de Mikhail Bakhtin e seu círculo de estudos sobre a linguagem. Os textos são datados e foram publicados no período de 2011 a 2015, cada um deles em edição semanal de O Jornal de Batatais, da Estância Turística de Batatais, cidade em que vivo há 38 anos. Os assuntos que inspiram meus textos são a gramática, a leitura, a literatura, a escrita, a sala de aula, a minha vida, enfim. Viver é o que há de melhor.