Prefaciar um livro tão rico, de uma autora tão intensa quanto Nancy Cobo é, antes de tudo, uma reverência a esta mulher que bravamente luta por aquilo em que acredita. Que sempre busca o melhor do ser humano, contribuindo para que o mundo se torne um lugar de amor, respeito e solidariedade. Poetisa, Escritora, Embaixadora da Paz, Divulgadora Cultural, Acadêmica, muitas vezes premiada e laureada, dentre outras coisas, Nancy Cobo é múltipla. Tudo isso me deixou feliz e orgulhoso. Ao mesmo tempo temeroso por participar, humildemente e mesmo que indiretamente, de sua obra. Escrever sobre seu trabalho é discorrer sobre esta torrente de sentimentos, de inspiração impecavelmente alinhada e prenhe de sabedoria, revestido de pureza e singeleza que somente os grandes mestres conseguem atingir. Sou um leitor curioso, eu diria mesmo teimoso. Já há muitos anos descobri o som e a fúria das palavras com seus sabores, às vezes delicado e às vezes forte como pimenta. A poesia toca os corações de forma intensa e permanente, com a velocidade e a força de um raio e, paradoxalmente, nos conduz gentilmente por caminhos inimagináveis, mágicos, oníricos ou duramente reais. Quando leio algumas linhas de Nancy Cobo, poetisa de inspiração invulgar, sintonizada com o mundo em que vivemos, o que salta aos olhos é seu imenso amor à vida. Pensando em seus poemas e seu trabalho me vem à mente a imagem de alguém à beira de uma encrespada montanha. Lá do alto, esse alguém dá um passo adiante e mergulha no mais profundo azul, quase negro, emergindo algum tempo depois com vários tesouros que encontrou bem lá no fundo, trazendo à luz imagens, as mais diversas, descobertas em trilhas impensáveis, em caminhos noturnos, expondo-as ao sol; frias e sombrias colocadas para se aquecerem a beira de uma praia. Das profundezas da alma traz, e coloca em palavras diante de nossos olhos, sentidos e significados antagónicos e diversos. Plurais. Em alguns casos escreve aquilo que sentimos e pensamos cotidianamente sem, contudo, conseguirmos expressar. Em "DEVANEIOS", por suas características próprias, já que se trata de um livro de poemas constituídos com no máximo trinta sílabas métricas distribuídas em três versos (terceto), nos revela outra característica de seu trabalho: poder de síntese. E, como diz Nancy Cobo em "Sou"... a lágrima que cai triste e solitária para acalmar um coração que chora e grita de tristeza e solidão. Enfim Nancy Cobo é tudo isto e, por certo, muito mais. Cabe ao leitor percorrer e descobrir os tão bem traçados caminhos abertos por esta mulher que sem pudor, nos oferece uma visão única de todo o universo. Marco M.W. de Castro Araujo