Há algo de profundamente inquietante no modo como o nome de Deus tem sido usado ao longo da história. Não o Deus transcendente, incompreensível e talvez inalcançável das grandes tradições místicas — mas o deus manipulado, o deus feito à imagem e semelhança dos poderosos, o deus que serve como instrumento de controle. Este livro nasce da angústia e da indignação diante de um fato evidente: por séculos, homens e mulheres foram devorados — física, psicológica e espiritualmente — por instituições religiosas e crenças construídas para domesticar o ser humano. Desde que o homem ergueu os olhos para o céu e temeu o trovão, a religião se apresentou como explicação para o inexplicável. Mas o que começou como uma busca sincera pelo sentido da existência transformou-se, em grande parte, em uma máquina de dominação. Quando a ideia de um Criador absoluto passa a regular não apenas a vida espiritual, mas a vida política, econômica e social, nasce um problema grave: o homem deixa de ser livre para se tornar súdito de um trono invisível — trono este frequentemente ocupado por sacerdotes, líderes e governantes que se autoproclamam porta-vozes da divindade....