O livro Desvelar o olhar que (re)cria: o mito e a cidade tem como objetivo identificar a especificidade dos olhares — tantos e tão variados — dispensados ao espaço urbano de Lisboa, tendo como elemento motivador a constatação básica da existência de categorias diferentes de olhares no que tange à produção literária portuguesa compreendida em período delimitado por obras concebidas nos séculos 20 e 21 e que tiveram por objeto temático a capital lisboeta. O objeto de análise privilegiado é o romance A Cidade de Ulisses (2011), da escritora portuguesa contemporânea Teolinda Gersão. Além dele, são trabalhadas também duas outras importantes obras da literatura portuguesa do século 20:Livro do Desassossego (1982), de Fernando Pessoa e História do cerco de Lisboa (1989), de José Saramago. Como tentativa de particularizar as análises propostas aos três diferentes olhares dispensados à cidade de Lisboa, denominou-se o de Pessoa como a categoria do olhar contemplativo (a partir da perspectiva do alto); o de Saramago, como a categoria do olhar desdobrado (a partir da perspectiva do paralelo); e o de Gersão, como a categoria do olhar de origem (a partir da perspectiva do mito), justamente esse último como o único potente a ponto de ser capaz de criar e (re)criar o espaço urbano da cidade de Lisboa.