O pensamento em design constrói objetos que vão muito além das suas formas e cores, transmitindo uma linguagem que perpassa por valores simbólicos e emotivos. O mundo que nos cerca, os objetos que portamos, as nossas preferências de consumo e estilo de vida, tudo traduz o indivíduo que queremos ser e mostrar socialmente. Portanto, assume-se uma identidade que o faça sentir-se percebido e aceito por meio desses objetos (SUDJIC, 2010).
No universo infantil essa lógica é perceptível da mesma maneira. As crianças portam diversos objetos no dia a dia que intencionam dialogar com o mundo que a cerca, sobre sua personalidade individual e gostos. O brinquedo tem o papel não somente de promover a brincadeira, pode, ainda, seguir funções mais práticas, como funções educativas e transpor as experiências do mundo imaginativo da criança para o mundo real. Por isso, essa fase é permeada por uma intensa transmissão e absorção de símbolos e valores. Dessa forma, o seu desenvolvimento depende significativamente da maneira como ela cria as suas histórias imagéticas, como interage com as outras crianças, como soluciona problemas e vence desafios por meio dos brinquedos (PIAGET, 2017).
A maioria dos brinquedos é estereotipado e acaba por transmitir valores superficiais e estéticos que podem induzir preconceitos, logo, a exclusão. As bonecas Barbies já foram um exemplo clássico de uma valorização exacerbada de estereótipos que cultuavam mulheres de olhos azuis, corpos magros, cabelos longos, lisos e loiros. Hoje, a Mattel, empresa fabricante, lança novas Barbies que têm vários formatos de corpo, novas cores, formas de pele e cabelo. Usando novos elementos, a ressignificação pode construir artefatos que tencionem promover a melhoria na autoestima das crianças com deficiências e que dialoguem com a diversidade existente entre elas.
Assim, percebemos que o design tem papel fundamental na construção desse imaginário e que ele pode ser utilizado para promover a inclusão social. Esta obra, portanto, intenciona perceber o design como ferramenta poderosa de diálogo para o discurso inclusivo, entendendo como a sua utilização pode auxiliar na promoção da inclusão social de crianças com deficiência por meio da ressignificação de brinquedos infantis.