A partir da promulgação da Constituição de 2009, que estabelecia o Estado Plurinacional e o Vivir Bien, a Bolívia ampliou um processo de acesso dos povos indígenas aos espaços de poder, bem como efetivou direitos sociais que promoveram a dignidade e qualidade de vida à sua população, em um processo de câmbio visto como um caminho para a descolonização do Estado. Por outro lado, as mulheres, especialmente as indígenas que participaram desse processo, reivindicavam suas pautas, tendo como marco a despatriarcalização do Estado e da sociedade. Nesse sentido, Mujeres Creando e o Feminismo Comunitário de Abya Yala foram vozes ativas nessas construções, organizando-se dentro da práxis dos movimentos de mulheres bolivianos. Partindo dessas perspectivas, questiona-se: o Estado Plurinacional voltado à construção do Vivir Bien dialogou com os movimentos de mulheres, escutando e efetivando suas reivindicações para promoção de uma Bolívia que objetivava a descolonização e despatriarcalização de suas estruturas? Assim, o principal objetivo deste trabalho é analisar a recepção do Estado Boliviano às lutas e reivindicações trazidas pelas mulheres à Plurinacionalidade e ao "Vivir Bien", estabelecendo as relações organizadas por esses movimentos de mulheres para descolonização e despatriarcalização da Bolívia, na construção de uma política feminista contra-hegemônica.