O cenário político em várias ocasiões é, para além de golpes de estado, também palco de manobras e atentados contra autoridades, como estratégia de apropriação do cargo alvejado. Todavia, as mobilizações fomentadas e propagadas pelas redes virtuais não apresentam a mesma disposição, pois no contexto da politização cultivada no ciberespaço já não se trata de uma disputa por posições consolidadas, senão que da abertura para uma nova maneira de convívio social, como o defendido por Habermas na ação comunicativa, cuja atualização remonta, a seu modo, ao lema revolucionário dos primeiros movimentos populares que clamavam por ideais humanitários de liberdade, igualdade e fraternidade.
Neste ponto, torna-se importante ressaltar que se a mobilização de ativistas interconectados a redes digitais é motivada menos pelo comum engajamento em um conteúdo específico que pela forma como se envolvem nos debates reivindicatórios, embora tal movimento, quando considerado como um todo, não deixa, por isso, de apontar para um horizonte distante e talvez idealizado de uma ordenação pautada pela justiça.
Evidente que está em jogo a consolidação da democracia, mas uma democracia liberal efetiva, cuja condução dos processos deliberativos esteja, pelo menos virtualmente, disponível à participação de todo cidadão.