A história do mundo é marcada por surtos de doenças que tomaram grandes proporções, se espalhando por todas as regiões do planeta. A mais recentemente, um surto de pneumonia provocada por coronavírus, relatado pela primeira vez em dezembro de 2019 na província de Wuhan, na China, que apresentou ao mundo um cenário caótico e desafiador, sem precedentes desde o pós-guerra. Este livro analisa as medidas de enfrentamento à covid-19 adotadas por países europeus e latino-americanos, essencialmente os governos da Argentina, do Brasil, da Espanha e de Portugal, à luz da teoria crítica dos direitos humanos, assumindo o pressuposto de que o neoliberalismo foi posto à prova com a crise pandêmica. Desde a década de 1980, o mundo vive em permanente estado de crise e o neoliberalismo - a versão dominante do capitalismo - foi imposto, sujeitando o mundo cada vez mais à lógica do setor financeiro. A pandemia atual não é uma situação de crise claramente oposta a uma situação normal. Tanto os Estados quanto a sociedade civil são hoje geridos pela lógica do mercado, pela lógica do capitalismo. E a pandemia mostra de forma cruel como o capitalismo neoliberal incapacitou os Estados, que não conseguem responder às emergências. A pandemia, portanto, confere pensar a exceção em tempos excepcionais.