De todas as Reflexões é um livro extremamente sofrido. São mais de 400 páginas com todos os pensamentos que circularam em minha memória ao longo dos meus 39 anos de vida. Um turbilhão de sentimentos que me atravessaram pela infância, adolescência, e, agora, pela vida madura. Do meu livro anterior – Centelhas – acabou nascendo este novo exemplar. Naquela época pensava que Centelhas já era uma borboleta que saltava de dentro do casulo. Mas foi um engano. Quando escrevi Centelhas era apenas ainda uma lagarta que só escutava tudo à minha volta; tudo que sussurrava do lado de fora. Até que, prestes a completar 40 primaveras, esse livro foi criando asas. Eis aqui, finalmente, a borboleta que transfigura de fato todas as páginas que vivi até aqui. Ela foi crescendo dentro do meu quarto. Como num casulo, sentado em minha mesa, apertado, precisei somente agora romper as peias dessa película e encontrar espaços maiores para bater as páginas encerrando um ciclo doloroso de pensamentos que guardei ao longo da minha estrada. De Todas as Reflexões é o final de um processo reflexivo que sempre busquei encerrar para me aventurar sem culpa em novos formatos de escrita. É como sair da infância definitivamente para a vida adulta. Sinto que cheguei ao meio da estrada. Entende-se aqui na metade do tempo que ainda anseio em viver. Por isso, aos 39 anos, esse exemplar traz de mim tudo aquilo que poderia dizer ao leitor, tudo que posso aproveitar da experiência que a vida me entregou até esta esquina. Agora vou em frente, sem saber o que esperar após a curva, mas certo do que levo na mala até aqui, até a metade do caminho.