A capela de Santo Antônio, localizada no subdistrito de Paracatu de Baixo, na cidade de Mariana-MG, é uma das várias imagens que referenciam o rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco, ocorrido em novembro de 2015. A partir desse acontecimento, investigaram-se as mudanças de sentido em torno desse templo que se manteve erguido a despeito da passagem da lama de rejeitos, sendo reconhecido, atualmente, na qualidade de patrimônio cultural do município de Mariana, cidade que figura como uma importante referência nacional sob aspecto dos patrimônios históricos e culturais. Este estudo transdisciplinar entre os campos da Comunicação e do Patrimônio Cultural enfocou na compreensão do rompimento da barragem enquanto um acontecimento, observando suas reverberações no subdistrito e no processo de patrimonialização da Capela de Santo Antônio por meio da análise das temporalidades manifestadas, dos contextos, da presença ou ausência de atores sociais e dos diferentes valores atribuídos à edificação. Os recursos metodológicos adotados pertencem ao campo qualitativo e empírico, conjugando-se à pesquisa bibliográfica e documental; recorre a técnicas da análise de conteúdo, de entrevistas semiestruturadas e grupo focal. Os resultados dos estudos revelaram o desequilíbrio entre as vozes que oficialmente se pronunciaram no processo de patrimonialização da capela, com fraca participação da comunidade, bem como identificaram os sentidos e valores predominantes na argumentação definidora daquele bem enquanto patrimônio cultural.