Minas Gerais é um celeiro de grandes estórias. O mineiro, personagem típico do folclore brasileiro, com sua fala cantada, seus erros de concordância, sua malícia e seu jeito espirituoso, frequenta uma infinidade de livros de diversos autores, configurando-se como figura carimbada dessas estórias. De todos os escritores mineiros, talvez o mais célebre e, sem dúvida, o que melhor retrata os meandros do interior rural de Minas é João Guimarães Rosa, com seus personagens marcantes que povoam o rico cenário do cerrado mineiro. No Norte de Minas, muito se produz em termos de literatura, quer em prosa ou em poesia, sobre os segredos e mistérios que rondam o povo desse estado tão importante na história do Brasil. Há, entretanto, uma lacuna a ser preenchida na história literária de Minas Gerais. Essa lacuna é caracterizada pela ausência de uma memória mais formal da cultura do Sul de Minas, tão rica quanto a das demais regiões do estado, mas ainda pouco explorada, se comparada à dessas regiões. Sem qualquer pretensão, mas ciente da importância de sua obra como contribuição para o preenchimento dessa lacuna, Edmundo Brandão Dantas, mineiro de Caxambu e professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, nos brinda com mais um de seus livros, que o Clube de Autores tem a honra de publicar. Nele, o personagem principal, Geraldo (que na região é chamado de Gerardoâ ), relata, às vezes como narrador, às vezes como protagonista de outro narrador, um tal de sô Dim , onze causos, recheados de mineiridade e do humor típico do interior mineiro. Vale a pena ler. Um livro divertido, simples e interessante.