Este livro originou-se de uma tese de doutorado, que teve como objeto de estudo os efeitos do conflito bélico nos corpos e nas mentes das enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira por sua atuação na Segunda Guerra Mundial. Elaboramos três objetivos: apresentar o conceito de neurose de guerra mediante seu impacto como resultado da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial; analisar as biografias de duas enfermeiras da FEB diagnosticadas com neurose de guerra; e discutir os efeitos da neurose de guerra nas trajetórias pessoais e profissionais das duas enfermeiras. A hipótese teórica construída foi de que as enfermeiras da Força Expedicionária Brasileira diagnosticadas com neurose de guerra, em virtude de suas atuações na Segunda Guerra Mundial, permaneceram o resto da vida presas aos traumas trazidos do conflito bélico. Na construção do estudo empregamos o método histórico, na dimensão da História Social, no domínio da História das Mulheres e da História Militar, com uma abordagem da micro-história de Carlo Ginzburg. Utilizando os critérios de inclusão e exclusão, bem como a técnica de triangulação dos dados, obtivemos como resultado duas enfermeiras veteranas da FEB reformadas com neurose de guerra: Altamira Pereira Valadares e Zilda Nogueira Rodrigues. A fim de confirmar ou refutar a hipótese traçada, procedemos à pesquisa sobre a trajetória de ambas durante e após a guerra, à luz do referencial de Sigmund Freud e Bessel Van der Kolk.