Poucos livros são tão amados como D. Quixote de La Mancha. Uma enquete mundial realizada em 2002 junto a uma centena de grandes escritores - entre eles Salman Rushdie, Nadine Gordimer, V. S. Naipaul, Wole Soyinka, Paul Auster, Orham Pamuk - apontou-o, disparado, como o melhor da história da literatura.
Difícil saber ao certo como ele consegue a façanha de ser tão amado quatrocentos anos depois de escrito, seduzindo multidões de leitores a cada nova geração. Italo Calvino nos dá algumas pistas da magia em seu Por que ler os clássicos. Tudo aquilo que, segundo o escritor italiano, define esse fenômeno do espírito humano conhecido como "clássico" cai como uma luva em D. Quixote: é um livro inesquecível, conhecido até por quem não o leu. Uma obra que nunca acaba de mostrar o que tem a dizer, cabendo a cada leitor um novo grão de descoberta, e que sempre oferece uma surpresa em relação à imagem que tínhamos dele. Uma enorme riqueza não só para quem o leu e amou, e se delicia a cada nova releitura, mas também para quem o guarda para um momento mais propício.