Uma das formas de se criar imagens de monstros é misturar em uma mesma criatura características corporais de duas espécies diferentes como, por exemplo, de ave e cavalo, peixe e leão, árvore e pessoas. Ora, essa combinação sugere que há nos corpos e comportamentos dos monstros fictícios, senão um combate entre facetas discordantes, uma estranheza causada por tal união. Metaforicamente, choque ou bizarrice semelhante se dá nas doenças, que também podem ser a causa da marginalização de culturas e pessoas. Tendo isso em mente, assim como o fato de outra ênfase deste livro ser a arte, a cura seria a integração desses aspectos em um todo orgânico, a arte o condutor do processo e, seu resultado concreto, a ativação e o fortalecimento da criatividade. Tal abordagem recomenda este livro a leigos, estudantes e profissionais de áreas tão diversas como Medicina, Biologia, Psicologia, Fisioterapia, Artes (Artes Plásticas, Música, Teatro e Dança), Arte-terapia, Terapia Ocupacional, Educação, Educação Física, Sociologia, Antropologia e Ciências da Religião. Enfim, áreas e pessoas cujo foco é a intersecção desses campos. Note que o blog Centauros Feridosfoi desenvolvido em paralelo com o livro e amplia o alcance do produto impresso por conter assuntos a ele relacionados e permitir o uso de recursos como galerias de imagens, arquivos de som, vídeos e direcionamento a links úteis. Vale ainda dizer que o ensaio final é uma análise crítica de uma das criações de José Saramago, As intermitências da morte . Assim, os temas da doença e da morte – isto é, do limite ou da real dimensão da vida e do corpo humanos – associados à criatividade e à arte, iniciam e encerram este livro.