Caio nasce em Ouro Preto carregando um chamado que ele mesmo não compreende. Na infância, é marcado por fenômenos que a cidade tenta esquecer: o fantasma do trem que corre de Ouro Preto para Hargreaves apenas nas madrugadas de neblina, e a presença inquietante de Monsenhor João Castilho, sacerdote cuja santidade ou pacto sombrio jamais foram confirmados. Esses acontecimentos o perseguem silenciosamente, moldando seu medo, sua fé e seu destino. Quando adulto, uma série de eventos o conduz à cidade de São Domingos, onde a tradição da Missa dos Mortos e Vivos, no Dia de Finados, define quem sobe ao Céu, quem permanece no purgatório e quem é entregue ao Inferno. O responsável por essa seleção é o misterioso Curador de Almas, figura cuja origem pode muito bem nascer do trauma de quem viu o trem-fantasma e ouviu o sermão enigmático de Monsenhor Castilho ainda menino. Mas neste ano, algo rompe o equilíbrio milenar: o diabo — em corpo humano — comparece ao julgamento, interessado nos destinos vacilantes. Entre personagens que lutam com seus segredos, Caio é arrastado para o centro do ritual, descobrindo que seu passado não era uma sucessão de medos, mas um treinamento para um chamado terrível: julgar os vivos, ouvir os mortos... ou ser tragado com eles. Curador de Almas é uma narrativa onde infância e destino se unem, e onde até os fantasmas têm lugar reservado à margem do altar.