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Cultivando O Raciocínio

Cultivando O Raciocínio

Sinopse

Para além de seus méritos deveras plausíveis e que ninguém deve negar, a falsa legitimidade dos argumentos do tal autor se fundamenta: 1) Na universalidade dos assuntos de que ele trata e na flexibilidade de sua inteligência que, sem conseguir chegar à perfeição em nada, alcança em tudo uma mediocridade mais do que tolerável. 2) Tendo unido o amor às duas antiguidades, o pagão e o cristão, contribui como um dos arquitetos mais irresponsáveis para a restauração de ambos. Com a mesma caneta com a qual cita Nietzsche e Raul Seixas, ele reinterpreta o Novo Testamento e transcreve palavras de Cristo sem cita-lo. 3) No caráter moderno, por assim dizer, de seu talento e do estilo de seus textos, que é zombador, incisivo e mordaz; feito um bobo da corte leviano que, divorciado da ortodoxia, flerta com a heresia. 4) Em sua desprezível habilidade de ser controverso – e orgulhar-se disso. 5) No excesso de seu amor-próprio e nesse contínuo falar de si com uma espécie de modéstia arrogante. 6) E, acima de tudo, por atacar com toda a linhagem de armas satíricas e envenenadas aqueles que ele chamou de abusos, vícios e relaxamentos da Igreja; e junto com eles muitas cerimônias de instituições e ritos importantes, ultrajando a disciplina sem, nem sequer, respeitar o dogma. E fez toda essa disseminação perniciosa em textos curtos, de maneira agradável, temperada de piadas e historinhas contra pastores e presbíteros, bispos e apóstolos. Este trecho é uma pequena alteração, feita por mim mesmo, do que disse Marcelino Menéndez sobre Erasmo de Roterdã, na História dos Heterodoxos Espanhóis