A noção de trapo que aparece no título deste livro serve de pista a respeito do tom de Andrey Pereira de Oliveira na obra. Desde suas epígrafes, que trazem a imagem do apodrecimento e da queda, percebemos que estamos diante de poemas que estabelecem forte diálogo com a tradição reflexiva da poesia modernista brasileira — mas não só. Suas referências também são clássicas e do além-mar.
O tempo enquanto artista da deterioração e do desgaste é interesse deste "Coruja de trapo" — um tempo vislumbrado, por exemplo, em velas rasgadas e dias cariados. Assim, os versos, mais que nunca, seguem sendo o esforço precário da captura impossível.