O voto, um dos pilares da democracia, é a forma de expressão da vontade popular e do exercício da sua soberania, consumada através da representação dos cidadãos nos órgãos governamentais. Dada sua importância nas democracias representativas, compreender o comportamento do eleitor tornou-se um dos maiores desafios das ciências políticas. Em meados do século XX, despontaram nos Estados Unidos da América os primeiros construtos teóricos baseados em distintas raízes epistemológicas, estabelecendo assim, os paradigmas de comportamento eleitoral das escolas sociológica, econômica e psicossocial, que substanciaram a fundamentação teórica deste trabalho. Em "Corredeiras da Democracia: o voto sob a perspectiva psicossocial", os autores apresentam um novo modelo desenvolvido a partir da atual realidade sociopolítica do eleitor brasileiro, incorporando suas características socioeconômicas específicas, como escolaridade e renda, bem como sua cultura política e partidária. A análise empírica serviu-se de surveys conduzidos pelo ESEB após os pleitos de 2018 e 2022 e, de maio a outubro de 2022, empreendeu-se uma pesquisa qualitativa longitudinal com eleitores indecisos a fim de identificar o impacto de eventos de curto prazo nas escolhas eleitorais, considerando os contextos sociais desses eleitores e o papel da consciência política como elemento mediador. Diferentemente do modelo psicossocial da Universidade de Michigan, o construto brasileiro atribui à consciência política a posição central na mediação das forças proximais. O modelo enfatiza ainda, a relevância dos meios de comunicação no direcionamento do fluxo político, considerando inclusive as modernas plataformas virtuais de interação social.