Corpos, poderes e ensino de Filosofia trata o ensinar e o aprender a filosofar como problema filosófico. Reflete sobre a prática do filosofar, busca fundamentação no diálogo com a tradição filosófica, para pensar sua importância, métodos, estratégias. Objetiva investigar aspectos políticos e estéticos presentes no ensinar e aprender a filosofar – as vozes, os discur-sos, os corpos e os poderes nas relações de ensino e aprendizagem. A hipótese que guia esta obra é de que o entrelaçamento entre política e estética, que tensiona a configuração dos jogos de corpos e poderes que atuam no mundo, constitui-se como teia estético-política que dá suporte e define os possíveis em distintos campos de atuação e saberes. Como e quanto essa teia estético-política afeta as práticas de ensino-aprendiza-gem, especialmente no filosofar, engendrando discursos, mas também silenciamentos? Podemos distinguir a filosofia de outras disciplinas por propiciar relações diferenciadas na produção do saber. No entanto há que denunciar o cânone filosófico – dicotômico, hegemônico e excludente – pelo apagamento de determinados corpos e epistemes. A filosofia institu-cionalizada, ao definir currículos e métodos, circunscreve-os aos padrões da colonialidade. Reforça a geografia de saberes, de poderes e seres, que opera por meio de práticas epistemicidas. A aposta feita em Corpos, poderes e ensino de Filosofia é superar esse modelo de produção de conhecimento que aprisiona o filosofar, fundamentado em valores da modernidade colonial europeia. Com a inclusão de outros referenciais interculturais, pluralizar o cânone filosófico. Por via da aproximação da filosofia e do filosofar ao modus operandi da arte, libertar sua prática de ensino para flertar com diferentes linguagens artísticas. Mobilizar os corpos, a sensibi-lidade, os afetos. Valorizar o diálogo, a pluralidade de vozes, estilos e tradi-ções. Criar estratégias de ensino e metodologias baseadas na diversidade, brincantes com o pensar – que também é corpo, interpretação de mundo, escritura, tessitura de existência, é fala e escuta. A busca por um sentir--pensar, no intento de propiciar outro tempo de estar com o diferente no espaço coletivo de troca e produção de saberes. E fomentar novos proces-sos de subjetivação, no interior das comunidades de enunciação que se tecem nos espaços ensinantes – na escola, na universidade, na vida.