As arquitetas e urbanistas Andrea Borges e Leila Marques reuniram mais de 30 mestres e doutores – entre arquitetos, urbanistas, economistas, historiadores, cientistas sociais, engenheiros, filósofos envolvidos com planejamento urbano para, em até cinco páginas, exporem suas reflexões sobre o momento atual nas cidades. E o que encontramos nessas reflexões?
Fazer quarentena em condomínio, com um sistema de delivery batendo à sua porta para lhe trazer alimentos prontos ou por preparar, em ambiente propício para a assepsia das mercadorias e das mãos com sabão e álcool 70º, é uma realidade intangível para grande parte da população. Desde quem divide os poucos cômodos da casa com um número muito grande de parentes, como para quem desempenha atividades informais cujo ganho diário é necessário para levar o "pão nosso de cada dia" para os familiares, chegando, por fim, naqueles que sequer têm casa onde se quarentenar.
Gente com dificuldades básicas em casa, ordem de despejo, população de rua, reforma necessária nas prisões, violência doméstica, caos dos transportes coletivos, modelos econômicos equivocados, retração do Estado, ausência de políticas públicas sociais, o neoliberalismo em cheque, falta de sustentabilidade, despejos residenciais, impacto no turismo, janelas e sacadas, legislação antiquada, retrato da moradia da classe média urbana no Brasil, e, felizmente, solidariedade e espírito de coletividade.
Questões sociais e de ordem econômica, afligem um país em quarentena, e, como salvar vidas humanas é preponderante, as comunidades virtuais iniciam diversos tipos de trabalho de solidariedade voluntária, inclusive o de tentar desmascarar as diversas fake news que prestam um desserviço à população e até colocam em risco a integridade física das pessoas.
O livro reúne 33 artigos sobre vários aspectos urbanos durante a pandemia e coloca algumas questões: quais caminhos serão trilhados pela cidade pós-pandemia diante do retorno de homens e mulheres como protagonistas das cidades?