A vida na pobreza e simplicidade — às vezes extremas — são tudo o que Maria Helena conhece; pai ausente, mãe iletrada, uma casa cujas paredes possuem apenas duas cores — o laranja dos tijolos e o cinza do cimento – além de traumas da infância envolvendo seu irmão.
Por causa disso, sua vida parece crua, sem cor e sem atrativos, assim como a si mesma. Em meio aos demais, parece tão simplória e sem graça quanto uma folha de cartolina: descartável.
Enquanto a mãe diz para estudar, assim como os professores, outros dizem que trabalhar dará mais resultado do que ficar achatando a bunda numa cadeira de plástico escolar.
É aí que uma pessoa surge em sua vida e mostra que seus amigos tinham certa razão, assim como que os contatos são o que realmente importa, já que não adianta trabalhar sem uma ajudinha para crescer na vida. Mas mesmo isso não é garantia nenhuma.
Um mergulho de cabeça em um caminho de riscos é um pequeno preço a se pagar pela vida dos sonhos, e Maria Helena está disposta a sentir o frio desse mar para deixar o deserto de sua vida para trás.