"No fundo da minha casa tem um pé de fotografia. Era uma árvore bonita, forte e não muito alta. Tinha uns dois metros e meio de altura, com o tronco longo, galhos fortes e, no lugar de folhas, fotografias.
As imagens não são minhas, nem de meus amigos ou familiares. São fotos de estranhos. Pessoas que nunca vi na vida apareciam naquela árvore. No inverno, as fotos caíam; na primavera, nasciam de novo. Sempre fotos novas, de pessoas novas.
Acontece que, há uns dois anos, ela secou. Nem uma pequena 3x4 sequer, nos galhos da árvore. Mas acho que ela não morreu, não. Não vou cortar. Quem sabe um dia ela volte a brotar. Quem sabe um dia eu não me reconheço numa foto. Quem sabe um dia eu não te reconheço numa foto."