Os Contos de Fadas, narrativas do imaginário popular pertencente à memória coletiva, são metáforas que encontram um novo significado com cada nova narração. Em verdade, cada conto é fruto da contínua releitura de seus ricos conteúdos, que foram interpretados por diferentes indivíduos, em diferentes épocas e lugares. Os Contos de Fadas da Grã-Bretanha, cujas origens são muito antigas, somente foram pesquisados, compilados e publicados na segunda metade do século XIX. Esses contos nos brindam com narrativas ricas, povoadas de míticas criaturas. Mesmo as estórias aparentemente simplistas, como a de um jovem buscando reconquistar sua amada, ressaltam em verdade a complexidade do esforço e os dilemas que todos nós enfrentamos, fazendo-nos vivenciar alguns dos sentimentos e emoções ali expressos. Para os adultos, os contos de fadas proporcionam um senso de nostalgia e familiaridade; para as crianças, eles permitem que elas visitem outro mundo e ajudam a libertar a imaginação. Para Bruno Bettelheim (1903-1990) esses contos ajudam a criança a recriar internamente seus próprios dramas pessoais, pois permitem que elas se imaginem na estória e aprendam a lidar com seus conflitos interiores. Por meio dessas narrativas, a criança vislumbra maneiras de lidar com seus medos e suas falhas, assim como meios de resolver as questões que se colocam como obstáculos para seu desenvolvimento. "Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de um! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! Quando for grande, vou escrever um..." Lewis Carroll