Esta pesquisa busca investigar o modo pelo qual os sentidos são cognitivamente construídos em letras de canção de Roberto e Erasmo Carlos da década de 1980 que abordam, especificamente, os conceitos NATUREZA e SEXO. Para tanto, adota o modelo de análise de frames aplicado ao discurso (DUQUE, 2015), que possibilita verificar o acionamento desses mecanismos cognitivos a partir de dimensões variadas e, com isso, identificar a estrutura reticulada de sentidos que é tecida em torno do discurso. Para lançar luz aos nossos objetivos, busca suporte teórico na Linguística Cognitiva de base Corporificada, mais precisamente em alguns de seus princípios fundantes, como as noções de categorização (WITTGENSTEIN, 1953; ROSCH et al., 1976; LAKOFF, 1987) e corporalidade (MERLEAU-PONTY, 1945, 1964; LAKOFF, JOHNSON, 1999; EVANS, GREEN, 2006), bem como em duas de suas categorias analíticas: frames (FILLMORE, 1976; GALLESE, LAKOFF, 2005; FELDMAN, 2006; LAKOFF, 2009; LAKOFF, WEHLING, 2012; DUQUE, 2015) e metáforas (LAKOFF, JOHNSON, 1980 [2002]; LAKOFF, 2008). Esta pesquisa é de natureza qualitativa, visto que a análise recai sobre a totalidade de um determinado fenômeno, a construção de sentidos, e, para isso, não recorre a representatividades numéricas ou à quantificação de valores (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). As informações obtidas na análise apresentaram indícios que sugerem a existência de um padrão no tocante ao modo pelo qual as temáticas analisadas são cognitivamente construídas nas letras de canção compostas por Roberto e Erasmo Carlos da década de 1980, como a perspectiva moral conservadora utilizada para abordar os conceitos NATUREZA e SEXO.