Bartolomé Clavero escreve contra a história idealista e mistificadora dos direitos humanos, como a que é feita habitualmente por constitucionalistas, internacionalistas e filósofos. Tal narrativa continuísta ignora algo tão elementar como a impossibilidade de que a categoria direito no ordenamento de tempos pretéritos pudesse assinar-se ao sujeito enquanto tal, muito menos com predicados de universalidade e igualdade para a humanidade inteira. Clavero não se contenta, porém, com a mera denúncia da naturalização de certas categorias jurídicas e políticas e tampouco lhe basta condenar a oratória vazia dos direitos humanos. Seu compromisso é com a defesa do caráter normativo dos direitos humanos, salvando-os da insignificância retórica ou de sua reclusão ao âmbito da política e da moral. Neste caminho em direção à efetivação de um constitucionalismo global, os direitos dos povos indígenas constituem uma verdadeira pedra de toque.