Estabeleço as bases teóricas da colonialidade do poder adultocêntrico, compreendendo-a como uma condição historicamente forjada a partir da invasão colonial da América Latina, e que modificou os fundamentos estruturais da ordem adultocêntrica ao estabelecer uma conexão axial com a racialização de pessoas e povos e a emergência do capitalismo, da ciência e do Estado.
Tudo começa com um giro descolonial: em vez de pensar as categorias geracionais como produtos culturais da modernidade, compreendê-las como o resultado político do avanço das condições materiais de parte de um continente, a Europeu Ocidental, advindo da exploração de outros povos, e de seus grupos geracionais. As histórias das infâncias, adolescências e juventudes modernas começam bem antes de suas emergências entre os séculos XVII e XX, foram inscritas e escritas nos porões dos navios negreiros e nos internatos religiosos nos primórdios da invasão colonial, e avançaram por outras facetas do tratamento genocida e subalterno que foram invisibilizadas na história "oficial", e naturalizadas como medidas necessárias para a correção ou o extermínio dos não-humanos.
O desafio de traçar a mútua contribuição entre colonialidade do poder e estudos sobre crianças, adolescentes e jovens finca aportes que melhor contemplam a análise dos sujeitos e das realidades em que estão inseridos, além de suas resistências descoloniais e do manejo de instrumentos político-jurídicos para enfrentar e/ou reificar as desigualdades.