As rezas fortes e a Feitiçaria ibérica migraram ao Catimbó-Jurema (Tradição indígena nordestina brasileira) a partir dos meados do século XVI - momento de nossa história em que os contatos entre nativos e navegantes europeus ganharam força mediante a crescente presença, em solo brasileiro, de cristãos católicos e protestantes, bruxas, feiticeiros e judeus sefarditas oriundos de Portugal (e de outras partes da Europa) que para cá vieram durante o período colonial. À medida que a colonização do território brasileiro ganhava força, o catolicismo popular (que em Portugal já vicejava, traçado a elementos árabes e aspectos de cultos à Natureza característicos de populações iberas milenares), as comunidades indígenas e caboclas, interagindo com o Clero, com curandeiros populares e feiticeiros degredados no Brasil, assimilou aspectos da cosmovisão e do sagrado europeu - legando-os à complexidade catimbozeira da qual os mestres, mestras e pajés contemporâneos são os herdeiros. Este livro apresenta elementos importantes dessa história e desta herança multicultural presente em uma das Tradições mais antigas do mundo e genuinamente proto-brasileira como é o Culto ã Jurema.