O livro Colecionismo de Arte: um estudo da legitimidade artística e apropriação estética da arte popular realiza uma análise do processo de promoção e difusão da arte denominada "popular", a partir da investigação da prática de colecionismo, da ação de colecionadores/as e da formação de coleções em espaços públicos e privados na Bahia, entre as décadas de 1940 e 1960. A experiência de colecionismo de objetos com essa temática revela-nos uma prática de atribuição de determinados valores e significados a essa criação plástica e o seu trânsito pelo sistema estabelecido das belas artes. A autora aborda as relações entre colecionismo, apropriação cultural e estética e colonialidade do poder, assim como reflete o problema da hierarquia das artes e a folclorização das culturas. Considerando as discussões, as abordagens e os usos da "arte popular" no Brasil, no que diz respeito à construção de uma identidade nacional por meio da preservação e valorização dessa arte como uma expressão "autêntica" da cultura brasileira, este estudo examina como as concepções acerca do artesanato e da arte popular que circularam na época impulsionaram o reconhecimento dessa produção e sua apropriação estética, colocando em evidência o papel de intelectuais e artistas na elaboração de um discurso a respeito do "popular" e na legitimação artística dessas expressões.