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Clarice na cabeceira: jornalismo

Clarice na cabeceira: jornalismo

Sinopse

Uma das autoras brasileiras mais estudadas internacionalmente, Clarice Lispector, enquanto trabalhava sua ficção, manteve intensa atuação na imprensa. Vale dizer, apenas para mensurar seu ofício de jornalista, que Clarice escreveu cerca de 450 colunas destinadas ao universo da mulher, o que equivale aproximadamente a cinco mil textos, distribuídos em fragmentos de ficção, crônicas, noticiário de moda, conselhos de beleza, receitas de feminilidade, dicas de culinária, educação de filhos e comportamento. Como entrevistadora, foram cerca de 100 textos. E, somente para o Jornal do Brasil, na fase áurea do matutino carioca, publicou mais de 300 crônicas.

Organizado pela pesquisadora Aparecida Maria Nunes, Clarice na cabeceira: jornalismo é uma amostra dessa atividade, a melhor que pode haver. Nele, o leitor terá o privilégio de entrar em contato com textos inéditos, como a primeira entrevista que Clarice Lispector realizou, em 1940, com o poeta católico Tasso da Silveira, e a última, em 1977, com a artista plástica Flora Morgan Snell. Em ambas, está presente a maneira original de Clarice entrevistar: tem-se conhecimento de particularidades dos entrevistados e da própria Clarice, que, fugindo às regras do gênero, não se furta de participar, na maioria das vezes, da conversa. E, quando o faz, é sempre de forma deliciosa e provocadora. O colunismo feminino aparece, pela primeira vez, em 1952, nas páginas do semanário Comício, de Rubem Braga, com o pseudônimo de Tereza Quadros. É retomado em 1959, no Correio da Manhã, com outro pseudônimo, Helen Palmer. A partir de 1960, no Diário da Noite, sendo a heterônima da atriz Ilka Soares, belíssima e ícone de feminilidade da época. Em meio a receitas e segredos da beleza, a vocação literária se faz presente além do estilo inconfundível, com narrativas ficcionais, mais tarde aproveitadas em contos e romances.