Adriano Messias é considerado o pesquisador que trouxe o tema do Antropoceno para o cenário pensante brasileiro. E esta obra, que continua sua pesquisa em Todos os monstros da Terra: bestiários do cinema e da literatura (Blucher), é de interesse para estudiosos do cinema, da psicanálise, da semiótica e das ciências humanas e sociais em geral. Aqui estão em diálogo filmes e séries para se estudar o mal-estar na civilização em chave freudo-lacaniana.
O que será que filmes de Guillermo del Toro, Alfred Hitchcock, David Lynch, Ridley Scott, Álex de la Iglesia e Paul Urkijo podem nos dizer sobre as expressões sintomáticas de nosso tempo, que tanto informam sobre o Antropoceno? Afinal, a cada época, suas formas de gozo e seus respectivos sintomas, como diria Jacques Lacan.
Além disso, Adriano Messias faz uma abordagem transdisciplinar instigante e provocadora que vai da visão aristotélica sobre o monstruoso, passando pelo grande médico Ambroise Paré – precursor da teratologia –, até chegar às parafernálias tecnológicas de hoje. E todos esses elementos ajudam a conformar a arquitetura cultural que nos coloca _ente ao temido Outro e nos põe a encarar esse bicho desenfreado chamado "angústia".