Cineastas brasileiras em tempos de ditadura: cruzamentos, fugas, especificidades trata de filmes dirigidos por mulheres e marcados pela irrupção das reivindicações de emancipação e igualdade para as mulheres, principalmente nos anos 1970, e pela repressão do regime militar e seu órgão de censura, que buscavam moralizar a sociedade e manter as mulheres em seus papéis tradicionalmente estabelecidos dentro da cultura e da sociedade brasileiras. O livro busca uma cartografia da carreira de Tereza Trautman, de Helena Solberg e de Ana Carolina, esboçando e delineando contatos, circulações, citações e influências por meio de outros filmes e cineastas, do movimento de resistência à ditadura e dos novos cinemas que surgem a partir dos anos 1950, no período pós-Segunda Guerra Mundial, entre eles o chamado Cinema de Mulheres, entendido nessa história como um acontecimento. De maneira radical, essas diretoras adquiriram protagonismo expandindo horizontes de gênero e questionando irreversivelmente o lugar das mulheres dentro das propostas de uma nova sociedade. Os efeitos de uma herança pós-colonial e da colonialidade atravessam a produção cinematográfica latino-americana, gerando no período recortado a necessidade de se buscar uma identidade relacionada à resistência e a um sonhado novo cenário político, cultural e socioeconômico. A busca de novas estéticas estava intimamente ligada às demandas políticas, e isso esteve presente no trabalho dessas diretoras. As particularidades do cinema dirigido por elas, assim como seus cruzamentos, linhas de fuga e especificidades, são elementos abordados neste livro e expressam-se por meio da linguagem e da narrativa fílmica, mas fundem-se ao cenário de reivindicações dos movimentos sociais contemporâneos, notadamente o movimento feminista. Esta é a história de um rizoma-cinema dirigido por mulheres e que tem como recorte o Brasil, em sua inserção no contexto latino-americano e mundial dos novos cinemas.