Na essência, o brasileiro é mesmo democrático? Eis uma das muitas interrogações trazidas por "Cinco para Meia-Noite", que narra a busca de uma jovem argentina, após descobrir ter sido um dos bebês roubados nos porões da ditadura militar em seu país. À procura da própria identidade, ela segue para São Paulo atrás do pai biológico. Mas o Brasil em questão é outro: é um Brasil de uma história alternativa, um Brasil no qual o golpe de 1964 jamais existiu.Será pela alternância de registros feitos em primeira e terceira pessoa que o leitor se dará conta dos conflitos existenciais da protagonista, cujo nome jamais conheceremos.Ao mesmo tempo que vai montando o quebra-cabeça das suas origens, ela testemunha o mergulho do Brasil num clima de superlativa degradação. Em meio a uma crise moral sem precedentes, aos poucos vão se elevando vozes no meio da sociedade civil preconizando que o país não precisa de democracia, mas sim de desenvolvimento econômico e da manutenção da ordem e dos bons costumes.Uma "história alternativa" ou não tão alternativa assim?(Este romance foi escrito muito antes de agosto de 2016.)