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Ciências Humanas no olho do furacão

Ciências Humanas no olho do furacão

Sinopse

As relações e diálogos estabelecidos entre arte, cultura e política são objetos do segundo volume da coletânea “Ciências Humanas no Olho do Furacão”, que sucede o primeiro volume que tratou das “tensões & problemas contemporâneos” e foi organizado por Luciana Biffi e Mônica Abed Zaher, em 2020. As relações mencionadas são retomadas, neste novo volume, devido ao anseio de compreensão e análise acerca do processo da junção arte-pensamento, a fim de incidir nas formas pelas quais, historicamente, temos empreendido o esforço de debater como o ser humano pensa e fábrica o mundo nos termos desses três pilares que apontam para as mais diversas formas, ações e concepções humanas sobre o mundo em que vivemos, percebemos e atuamos. Essa vontade investigativa nos faz colocar as ciências humanas e sociais no olho do furacão contemporâneo, em que os extremos políticos se colocam no centro da experiência de enfrentamento acerca da qualidade da democracia e aquilo que a sustenta, diante de um cenário de esvaziamento das produções de sentido político. Como enuncia Beatriz Sarlo (2005, p.96), em Tempo Presente – notas sobre a mudança de uma cultura, que “o presente, ameaçado pelo desgaste da aceleração, converte-se, enquanto transcorre, em matéria da memória”. Assim, as ciências humanas e sociais estão diante do entrave da possibilidade de horizontes de futuro. Na primeira parte, “Arte & Política”, os textos que a configuram estão dispostos a pensar como a arte, com a sua realidade própria, contribui para pensarmos e criarmos condições para esse cenário contemporâneo de incertezas ambientais, políticas, sociais, desmonte da educação, de intolerâncias encampadas pela extrema-direita e a imobilidade das esquerdas. Assim, a arte é disposta com seus próprios instrumentos estéticos em diálogo com as ferramentas analíticas das ciências humanas e sociais, no intento de criação de reações à própria cultura contemporânea frente ao nosso tempo presente. Nesses termos, como aponta Chauí (1994, p. 477) em diálogo com a obra de Merleau-Ponty, a arte não é senão outra coisa do que a interminável experiência de interrogação do mundo. Dessa feita, a arte é vista como ação provocativa do mundo, especialmente, quando estimula “a vida pessoal, a expressão artística, ação política, o conhecimento filosófico e a história avançam obliquamente, nunca vão diretamente aos fins e aos conceitos. Aquilo que buscamos muito deliberadamente, não conseguimos obter, mas as ideias e os valores não faltarão a quem souber, em sua vida mediante, liberar-lhes a fonte espontânea”. (Merleau-Ponty) É nessa fonte que os autores da primeira parte deste livro bebem. No tocante a segunda parte, “Humanidades, no olho do furacão", os autores, se incumbem de discutir onde se posiciona as humanidades nos debates contemporâneos, a partir de temas como as longevas e permanentes desigualdades sociais, relações e violências de gênero e práticas discursivas sobre o corpo.