O livro consta de sete capítulos, associados a sete temáticas e, porque não dizer, condições universais da vida cotidiana. Diante das condições de crise institucional sistemática, tentaremos entender o papel da experiência urbana no planejamento das cidades; os efeitos dos fluxos de ideias, objetos e pessoas na construção de novas cosmopolíticas; os modos de habitar o planeta; a influência do imaginário na proliferação de identidades líquidas; as possibilidades de valorização da memória urbana; os processos de destruição e reconstrução, ou reconfiguração, de paisagens; e, finalmente, as múltiplas redes de resistência que emergem das relações de poder nos contextos de periferização vigentes no mundo. A noção de experiência nos remete inicialmente às relações afetivas que nos conectam com o mundo da vida (o cotidiano revelado no aqui e no agora), onde a tradução dos sentimentos em palavras ocupa uma parte importante do nosso tempo. Walter Benjamin expressou o dilema da experiência na oposição da tradição e da vivência, construindo, assim, metáforas da representação social por meio das ausências de tradições culturais, econômicas, estéticas, políticas ou sociais na sociedade do século XX. Assim, diante da comoditização da vida, da ausência de futuro e da instabilidade dos lugares, três questões se entrelaçam: o que é viver na cidade contemporânea, quais os impactos do distanciamento social na vida doméstica e quais sociabilidades possíveis ainda nos restam. Na tentativa de responder a essas questões, que são muito complexas e abrangem vários aspectos sociais, nossa ambição é provocar, polemizar e chamar a atenção para essas questões relacionadas à essência da vida no mundo contemporâneo.