O que faz de um local uma favela?
É o que este livro tenta responder com base no estudo de caso da Cidade Alta, zona Norte do Rio, conjunto habitacional criado em 1969, que abrigou removidos de favelas como a Praia do Pinto, dentro das remoções promovidas pelos governos federal e da Guanabara, entre 1968 e 1973.
Surgido como solução à favela, após 40 anos o estigma paira sobre a Cidade Alta, sendo utilizado por órgãos do estado, imprensa, moradores, moradores do entorno...
Analisando um período pouco estudado da história do Rio de Janeiro, o livro é oriundo de tese de Doutorado em História na UFF, com menção honrosa da Associação Nacional de História – seção Rio de Janeiro, e serve também para os que querem saber mais sobre temas como favela, classe populares, violência e memória.
O autor pesquisa o tema favela há mais de 10 anos, tendo mestrado no assunto e, atualmente, faz pós-doutorado pela FAPERJ no IPPUR-UFRJ.
As variadas fontes incluem depoimentos de moradores, documentos do Estado, matérias de imprensa, trabalhos de alunos (o autor foi professor em duas escolas locais). São abordados três temas transversais:
O processo de remoção tratado a partir da memória dos que a viveram, com depoimentos que dão vida aos processos históricos abordados;
Uma profunda análise do processo de remoção promovido pela Ditadura Militar instaurada em 1964, demonstrando que ela não se limitava a mera expulsão dos favelados da zona Sul da cidade, sendo um projeto de planejamento urbano. Tema bastante atual quando grandes cidades do Brasil vivem processos atuais de remoções;
E de que forma um local, ao longo de 40 anos, adquire o estigma de favela? Quais elementos embasam o discurso dos que acusam a Cidade Alta de ser uma favela e seus moradores, 'favelados'?
Sem perder a erudição própria de um trabalho acadêmico, a leitura acessível faz o leitor mergulhar no cotidiano de uma localidade de baixa renda, e tirar as próprias conclusões sobre, afinal, o que é 'favela'?