Com ensaio de Itamar Vieira Junior, romance da escritora guadalupense Simone Schwarz-Bart acompanha quatro gerações de mulheres negras, fortes e determinadas, em meio a uma descrição exuberante e imaginativa da ilha antilhana
Télumée Lougandor é uma força da natureza, cheia de vida e dotada de uma alegria inata, sempre posta à prova por sua condição de mulher negra em Guadalupe. Em Chuva e vento sobre Télumée Milagre ela conta sua história e a de suas ancestrais. O romance é da escritora guadalupense Simone Schwarz-Bart, uma das vozes mais importantes da vigorosa literatura do Caribe, ao lado de nomes como o da romancista Maryse Condé e do pensador Frantz Fanon. Para Itamar Vieira Junior, o romance intensamente poético de Schwarz-Bart revela "uma cosmovisão de mundo profunda narrada com grande paixão". Para ele, "a narrativa dessa linhagem de mulheres carrega a história de um continente inteiro".
Télumée carrega consigo o conhecimento de um ambiente complexo e das armadilhas que lhe reservam a persistência da espoliação colonial e da lógica patriarcal. A sabedoria vem de uma linhagem feminina que remonta a sua bisavó. São quatro gerações de mulheres fortes, determinadas e forjadas por uma história de adversidades. Das agruras de suas relações muitas vezes brutais com os homens, Télumée encontra alívio na relação com a feiticeira man (madame) Cia, a madrinha que teria poderes extraordinários como se transformar em animais. A jovem negra se cerca de um panteísmo animista que dá o romance também o caráter de uma jornada espiritual.