Chéri (1920), romance da escritora francesa Colette, mergulha no universo da Paris da Belle Époque e retrata uma relação marcada por beleza, poder e fragilidade. A história acompanha Léa de Lonval, uma cortesã madura e experiente, que há anos mantém uma relação íntima com Fred Peloux, apelidado de Chéri, um jovem belo e mimado, vinte anos mais novo que ela.
O enredo gira em torno da ambiguidade desse vínculo. O relacionamento entre Léa e Chéri, inicialmente visto como um jogo de sedução, acaba se revelando mais profundo do que ambos imaginavam. Quando o jovem é prometido em casamento a uma moça de sua idade, Léa acredita que a separação será natural, mas descobre, pouco a pouco, o peso da ausência e a intensidade do afeto que os unia. Chéri, por sua vez, mesmo casado, percebe que sua vida perde vitalidade longe de Léa, oscilando entre o dever social e o desejo que o prende ao passado.
A narrativa é construída em um tom elegante, com diálogos carregados de ironia e sutileza psicológica. Colette explora temas como a passagem do tempo, o amor fora dos padrões sociais, a diferença de idade e a busca por sentido em relações que desafiam convenções. A história revela tanto a fragilidade do jovem, incapaz de se libertar da influência de Léa, quanto a força da mulher, que enfrenta com dignidade o inevitável distanciamento imposto pela sociedade.
Colette (1873–1954) foi uma das mais importantes escritoras francesas do século XX. Autora de romances, memórias e peças de teatro, destacou-se pela sensibilidade ao retratar os dilemas femininos, a sensualidade e as transformações da vida moderna. Chéri é considerado um de seus maiores sucessos, ao lado de obras como Gigi, reafirmando seu lugar central na literatura francesa.